O Diabetes Mellitus é uma doença metabólica crônica e se caracteriza por uma variedade de complicações. O diabetes continua a aumentar em todo o mundo, novos números divulgados pela Federação Internacional de Diabetes informa que o diabetes está saindo do controle, 15,7 milhões de adultos (10,5%) vivem com diabetes no Brasil, ou seja, um em cada dez adultos no Brasil tem diabetes.
Quase um terço (32%) das pessoas que vivem com diabetes no Brasil não tem diagnóstico. Quando o diabetes não é detectado ou é tratado de forma inadequada, as pessoas com diabetes correm risco de complicações graves e fatais, por exemplo, amputação de dedos, pés ou pernas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70% das amputações dos membros inferiores que ocorreram em 2020 foram em razão das complicações do chamado pé diabético.
O pé diabético, é uma complicação que frequentemente surge nos pés dos pacientes portadores de diabetes mellitus. Pode ser silenciosa e avançar lentamente, confundindo-se com outras doenças. Portanto, é importante conhecer e entender os riscos do pé diabético.
“O pé diabético é causado por uma série de alterações que podem ocorrer nos pés de pessoas com diabetes não controlada. Infecções ou problemas na circulação dos membros inferiores estão entre as complicações mais comuns, provocando o surgimento de feridas que não cicatrizam. Esses casos podem levar à amputação”, explica o médico André Vianna, endocrinologista especializado em diabetes.
Fatores de risco
O reconhecimento precoce e o manejo dos fatores de risco são importantes para prevenir o aparecimento de ulcerações e lesões graves dos pés.
O principal fator risco é o diabetes mellitus mal controlado, pois níveis elevados de glicose geram alterações no corpo que favorecem o surgimento do pé diabético.
Outros fatores de risco importantes são: neuropatia diabética, deformidades do pé e sinais de infecção.
Resumo do Artigo
Lesão dos nervos
Níveis de glicose elevados cronicamente provocam danos nos nervos periféricos, levando a um quadro chamado de neuropatia diabética.
A pessoa com neuropatia diabética pode perder a sensibilidade normal dos pés, tendo dificuldade de sentir dor e de distribuir corretamente o peso do corpo sobre os pés. Estes fatores podem levar a uma pressão anormal em regiões dos pés durante o ato de caminhar, tornando-se fácil desenvolver pontos de pressão calosos e ferimentos na pele, tecidos moles, ossos e articulações. Úlceras podem surgir se não houver cuidados com os pés do paciente diabético.
A neuropatia diabética pode também enfraquecer certos músculos dos pés, contribuindo ainda mais para a deformidade nos mesmos. Ao longo do tempo, repetidas lesões nos ossos e articulações podem alterar drasticamente a anatomia do pé, criando um ciclo vicioso no qual cada nova lesão favorece o aparecimento de outras.
Lesão das artérias dos pés
Outro fator importante no desenvolvimento do pé diabético é a lesão dos vasos sanguíneos que nutrem os pés. O diabetes cronicamente mal controlado causa danos às artérias dos membros inferiores, diminuindo o fluxo de sangue para os pés. Esta má circulação pode causar isquemia da pele, contribuindo para a formação de úlceras e prejudicando a cicatrização de feridas.
Em alguns casos, a lesão vascular é tão grave que partes do pé tornam-se isquêmicos, evoluindo para gangrena (necrose). Cerca de 5% dos diabéticos acabam por necessitar amputar um dedo, ou mesmo todo o pé, devido a esta complicação.
Infecção
O terceiro fator para o surgimento do pé diabético é o comprometimento do sistema imunológico que ocorre no diabetes, facilitando a ocorrência de infecções e tornando difícil a cicatrização das feridas.
Devido à má circulação sanguínea, os antibióticos podem não chegar ao local da infecção adequadamente, havendo risco da infecção se espalhar para a corrente sanguínea, provocando sepse.
Sinais e sintomas
Pacientes com diabetes devem aprender a analisar os seus próprios pés e saber reconhecer os primeiros sinais e sintomas de problemas do pé diabético.
Alguns sinais e sintomas importantes são:
- formigamento;
- perda da sensibilidade local;
- dores;
- queimação nos pés e nas pernas;
- sensação de agulhadas;
- dormência; além de fraqueza nas pernas.
Os sintomas podem piorar à noite, ao deitar. Normalmente a pessoa só se dá conta quando está num estágio avançado e quase sempre com uma ferida ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil devido aos problemas de circulação.
Caso a neuropatia diabética leve a úlceras nos pés diabéticos, será possível observar sintomas como vermelhidão, dor, descoloração da pele, odor ruim, cortes ou feridas.
Cuidados e Prevenção
“A melhor estratégia para prevenir complicações do diabetes, incluindo as úlceras nos pés, é o controle adequado da glicemia através de uma alimentação saudável, exercícios físicos regulares e adesão correta ao tratamento medicamentoso, examinar os pé diariamente. Além disso, é fundamental que a pessoa com diabetes faça um acompanhamento médico, o especialista ajudará também na identificação de feridas e na forma mais adequada de combatê-la”, explica o médico André Vianna, endocrinologista especializado em diabetes.